FLP 0203
Política III (para recursantes)
Graduação
Professor(a):
Eunice Ostrensky
POLÍTICA III - TEORIA POLÍTICA MODERNA (Em torno das revoluções atlânticas)
Código: FLP 0203 (para recursantes)
Período: 1.o semestre de 2021
Professora responsável: Eunice Ostrensky.
OBJETIVO:
O objetivo central do curso é discutir diferentes interpretações sobre a nova ordem política e social criada pelas revoluções atlânticas, acompanhando a ascensão da democracia representativa à condição de principal forma de governo no Ocidente.
PROGRAMA
1. A república contra a democracia nos Escritos Federalistas.
2. O pacto entre os vivos, os mortos e os que irão nascer, de acordo com Edmund Burke.
3. Olympe de Gouges e a revolução das mulheres
4. Mary Wollstonecraft e a reivindicação dos direitos da mulher
5. Benjamin Constant: liberdade dos antigos e a liberdade dos modernos.
6. Centralização e revolução na obra de Tocqueville.
7. O bonapartismo e a relação entre poder político e poder social em Marx.
DESENVOLVIMENTO DO CURSO
O curso será ministrado na forma de aulas expositivas e discussões de textos de leitura obrigatória. A seleção das passagens destinadas à discussão em sala de aula procurará enfatizar criticamente as interpretações distintas e mesmo contrastantes de um autor e os modos de pensamento e discurso que caracterizam uma determinada intervenção intelectual e política.
AVALIAÇÃO
A avaliação regular levará em conta:
1-) Ao longo do curso, as alunas e os alunos deverão entregar, pelo fórum do moodle, pelo menos 8 pequenas intervenções ou “reações” (pode ser um comentário opinativo, uma dúvida, uma dificuldade, etc.) sobre o texto indicado na bibliografia obrigatória (30% da nota final);
2-) Trabalho final, cujo modelo será explicado ao longo do semestre.
PROGRAMAÇÃO DAS AULAS
Aula 1. Apresentação e organização do curso.
Unidade I – A república de larga escala
Aula 2. Representação, império e poder federativo
Leitura: O Federalista, cap. 1 a 3; 5 a 11.
Aula 3. A maioria e o problema das facções
Leitura: O Federalista, cap. 14, 35, 39, 46, 47, 49; 51; 62 e 85.
Unidade II – Constituição e direitos universais
Aula 5. A revolução francesa, seus princípios e atores políticos
Aula 6. Burke e a fundação do conservadorismo moderno.
Leitura: Reflexões sobre a Revolução em França (pp. 47-78).
Aula 7. Burke a fundação do conservadorismo moderno
Leitura: Reflexões sobre a Revolução em França (pp. 78-109).
Aula 8. Olympe de Gouges e a exclusão das mulheres da Revolução
Leitura: Declaração dos direitos da mulher e da cidadã (1791).
Aula 9. Wollstonecraft e educação das mulheres
Leitura: Reivindicação dos direitos da mulher (Introdução, cap. 1 a 4).
Aula 10. Discussão sobre os tópicos dessa unidade
Unidade III – Origens e continuidade da Revolução Francesa
Aula 11. Benjamin Constant sobre a liberdade.
Leitura: “Da liberdade dos antigos comparada à liberdade dos modernos”.
Aula 12. Tocqueville: a centralização administrativa do Antigo Regime
Leitura: O Antigo Regime e a Revolução, Prefácio Livro I, Livro II, cap. 1-2, 5 a 6.
Aula 13. Tocqueville, a Revolução e sua obra.
Leitura: O Antigo Regime e a Revolução, Livro II, cap. 8, 9, 12; Livro III, cap. 1 a 3, 8.
Aula 14. Marx: Estado, poder político e classes sociais.
Leitura: Marx, O 18 de Brumário de Luís Bonaparte.
Aula 15 . Marx Revolução e democracia.
Leitura: Marx, O 18 de Brumário de Luís Bonaparte (cont.).
EDIÇÕES RECOMENDADAS
Burke, Edmund. Reflexões sobre a Revolução em França. Trad. José Miguel Nanni Soares. São Paulo: Edipro, 2016.
Gouges, Olympe. Declaração dos direitos da mulher e da cidadã. Nova Delphi, 2010.
Wollstonecraft, Mary. Reivindicação dos Direitos da Mulher. Trad. Ivania Pocinho Motta. São Paulo: Boitempo Editorial, 2016.
Constant, Benjamin. “Da liberdade dos antigos comparada à dos modernos”. Trad. Loura Silveira. Filosofia Política n. 2, 1985, p. 7-25.
Tocqueville, Alexis de. O Antigo Regime e a Revolução. Trad. Rosemary Costhek Abílio. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2016.
Marx, Karl. O 18 de Brumário de Luís Bonaparte. Trad. Nélio Schneider. São Paulo: Boitempo Editorial, 2011.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR BÁSICA (por autor)
FEDERALISTAS
- Adair, Douglass. Fame and the Founding Fathers. Indianapolis: Liberty Fund, 1998, especialmente os capítulos:
- “The authorship of the disputed Federalist Papers”, p. 37-105
- “The Tenth Federalist revisited”, p. 106-131
- “’That politics may be reduced to a science’ - David Hume, James Madison and the Tenth Federalist”, p. 132-151
- Ball, Terence & Pocock, J.G.A. Conceptual Change and the Constitution. Kansas: University Press, 1988.
- Baylin, Bernard. The Ideological Origins of the American Revolution. Harvard: University Press, 1992.
- Dunn, John. Democracy: a history. Penguin, 2006
- Gargarella, Roberto. “Em nome da Constituição: O legado federalista dois séculos depois. Boron,A (org). Filosofia Política Moderna. Buenos Aires: Clacson.
- Kramnick, Isaac. “Apresentação”, in James Madison, Alexander Hamilton e John Jay, Os artigos federalistas 1787-1788. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997
BURKE
- Armitage, David. “Edmund Burke and Reason of State”. Journal of the History of Ideas, Vol. 61, No. 4 (Oct., 2000), pp. 617-634.
- Bourke, Richard. "Popular sovereignty and political representation: Edmund Burke in the context of eighteenth-century thought". IN Popular Sovereignty in Historical Perspective. Cambridge: Cambridge University Press, 2016.
- Draus, F. “Burke et les Français”. In FURET, F.; OZOUF, M. The French Revolution and the creation of political culture. 1789 – 1848. Oxford: Pergamo Press, 1989b.
- Florenzano, Modesto. Reflexões sobre a Revolução em França de Edmund Burke: uma revisão bibliográfica. Tese de doutoramento. Departamento de História da USP, 1993, mineo., especialmente o cap. 3, p. 282-430.
- Mannheim, Karl. “O pensamento conservador” in José de Sousa Martins. Introdução crítica à sociologia rural. São Paulo: HUCITEC, 1986.
- Nisbet, Robert. O conservadorismo. Lisboa: Editorial Estampa, 1987.
- Pocock, J. G. A. “Burke and the Ancient Constitution: a problem of the history of ideas”. IN Politics, Language and Time. Chicago: University of Chicago Press, 1989, p. 202-223.
OLYMPE DE GOUGES
- Diamond, Marie Josephine. “The Revolutionary Rhetoric of Olympe de Gouges.” Feminist Issues 14, no. 1 (March 1, 1994): 3–23. https://doi.org/10.1007/BF02685649.
- Morin, Tania Machado. Virtuosas e Perigosas: As mulheres na Revolução Francesa. Alameda Casa Editorial, 2014
- Scott, Joan Wallach. “French Feminists and the Rights of ‘Man’: Olympe de Gouges’s Declarations.” History Workshop, no. 28 (1989): 1–21.
- Scott, Joan Wallach. Only Paradoxes to Offer: French Feminists and the Rights of Man. Harvard University Press, 2009.
MARY WOLLSTONECRAFT
- Bergès, Sandrine & Coffee, Alan (eds.). The Social and Political Philosophy of Mary Wollstonecraft. Oxford: Oxford University Press, 2016.
- Bergès, Sandrine. Wollstonecraft's A Vindication of the Rights of Woman. Abingdton: Rouledge, 2016
- Botting, Eileen Hunt. "Human stories: Wollstonecraft, Mill and the literature of human rights". IN: Wollstonecraft, Mill, and Women's Human Rights. Yale University Press, 2016.
- Motta, Ivânia Pocinho. A importância de ser Mary. São Paulo: Annablume, 2009
- Walker, Gina Luria. “Women’s Voices,” in The Cambridge Companion to British Literature of the French Revolution in the 1790s, ed. Pamela Clemit, 2010.
- Mackenzie, Catriona. “Reason and Sensibility: The Ideal of Women’s Self-Governance in the Writings of Mary Wollstonecraft”. Hypatia, vol. 8, nº 4, pp. 35-55, 1993.
- Miranda, Anadir dos Reis. Mary Wollstonecraft e a reflexão sobre os limites do pensamento liberal e democrático a respeito dos direitos femininos (1759-1797). Dissertação de mestrado em História, Universidade Federal do Paraná, 2010.
- Miranda, Anadir dos Reis. Proto-feministas na Inglaterra setecentista: Mary Wollstonecraft, Mary Hays e Mary Robinson. Sociabilidade, subjetividade e escrita de mulheres. Tese de doutorado em História, Universidade Federal do Paraná, 2017.
- Estacheski, Dulceli de Lourdes Tonet; Medeiros, Talita. Gonçalves. “A atualidade da obra de Mary Wollstonecraft”. Revista Estudos Feministas (UFSC. Impresso), v. 25, p. 371-374, 2017.
BENJAMIN CONSTANT
- Manent, Pierre. História intelectual do liberalismo: dez lições. Rio de Janeiro, Imago, 1990 (Cap. 8).
- Florenzano, Modesto. "Da força sempre atual do pensamento de Benjamin Constant e da necessidade de reconhecê-lo". Revista de História, 145, 2001.
- Bignotto, Newton. "República dos antigos, República dos modernos". Revista USP, 59, 2003.
- Cassimiro, Paulo Henrique Paschoeto. "O Liberalismo Político e a República dos Modernos: a crítica de Benjamin Constant ao conceito rousseauniano de soberania popular". Revista Brasileira de Ciência Política, 20, 2016.
- Holmes, Stephen. Benjamin Constant and the making of modern Liberalism. New Haven, Yale University Press, 1984.
- Jainchill, Andrew. Reimagining Politics after the Terror: The Republican Origins of French Liberalism. Ithaca/Londres, Cornell University Press, 2008 (Cap 6 e Epilogue).
- Kalyvas, Andreas; Katznelson, Ira. Liberal Beginnings: Making a Republic for the Moderns. Cambridge, Cambridge University Press, 2008 (Cap 6)
- Gauchet, Marcel. "Benjamin Constant: l'illusion lucide du libéralisme", in Constant, Benjamin. Écrits politiques. Paris, Gallimard, 1997.
TOCQUEVILLE
- Dijn, Annelien de. French Political Thought from Montesquieu to Tocqueville: Liberty in a Levelled Society? Cambridge, Cambridge University Press, 2008 (Cap. 6).
- Freller, Felipe. Guizot, Tocqueville e os princípios de 1789 (2015), ou Freller, Felipe. "Guizot, Tocqueville e os princípios de 1789". Revista Estudos Políticos, Vol. 7, N. 2, 2016.
- Jasmin, Marcelo. Alexis de Tocqueville - A Historiografia como Ciência da Política. Rio de Janeiro: Acess Editora, 1997.
- Jaume, Lucien. Tocqueville: The Aristocratic Sources of Liberty. Princeton University Press, 2013.
- Quirino, Célia Galvão. Dos Infortúnios da Igualdade ao Gozo da Liberdade. São Paulo: Humanitas/Fapesp, 2001.
- Manent, Pierre. História intelectual do liberalismo: dez lições. Rio de Janeiro, Imago, 1990 (Cap. 10).
- Nicolete, Roberta K. Soromenho. Quando a política caminha na escuridão: Interesse e Virtude n'A Democracia na América de Tocqueville. São Paulo, Alameda, 2018.
MARX
- Codato, Adriano & Perissionoto, Renato Monseff. Marxismo como ciência social. Curitiba: Editora UFPR, 2011.
- Draper, Hal. Karl Marx´s theory of revolution. V. 1: State and Bureaucracy. MudrakL Akar Books, 2011.
- Furet, François. Marx e a Revolução Francesa. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1989.
- Jessop, Bob.“The Political Scene and the Politics of Representation: Periodising Class Struggle and the State in the Eighteenth Brumaire”. IN: Cowling, Mark & Martin, James. Marx's 'Eighteenth Brumaire': (Post)Modern Interpretations. London: Pluto Press, 2002.
- Poulantzas, Nicos. Poder político e classes sociais. Rio de Janeiro: Martins Fontes, 1986.
- Shapiro, Ian. Os fundamentos morais da política. São Paulo: Martins fontes, 2006 (Capítulo 4/ Marxismo).
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